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Programa Nova Indústria Brasil

O que é? Quais serão as áreas priorizadas? Qual é o valor do investimento? Plano pretende impulsionar indústria nacional até 2033.

Por Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil – Brasília.

Visando impulsionar a indústria nacional até 2033, o programa Nova Indústria Brasil, lançado nesta segunda-feira (22) pelo governo, usa instrumentos tradicionais de políticas públicas, como subsídios, empréstimos com juros reduzidos e ampliação de investimentos federais. O programa também usa incentivos tributários e fundos especiais para estimular alguns setores da economia.

A nova política tem seis missões relacionadas à ampliação da autonomia, à transição ecológica e à modernização do parque industrial brasileiro. Entre os setores que receberão atenção, estão a agroindústria, a saúde, a infraestrutura urbana, a tecnologia da informação, a bioeconomia e a defesa.

A maioria dos recursos, R$ 300 bilhões, virá de financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii). Os financiamentos do BNDES relacionados à inovação e digitalização serão corrigidos pela Taxa Referencial (TR), que é mais baixa que a Taxa de Longo Prazo (TLP).

O mecanismo de compras governamentais provoca certa polêmica, por representar um entrave nas negociações para a adoção do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia. Os empresários europeus defendem condições de igualdade com as empresas brasileiras nas licitações para a compra de bens, a realização de obras e a contratação de serviços pelo governo brasileiro.

Missões para o período de 2024 a 2033:

  1. Cadeias agroindustriais sustentáveis e digitais:
    – Aumentar para 50% a participação da agroindústria no PIB agropecuário;
    – Alcançar 70% de mecanização na agricultura familiar;
    – Fornecer pelo menos 95% de máquinas e equipamentos nacionais para agricultura familiar.
  2. Forte complexo econômico e industrial da saúde:
    – Atingir 70% das necessidades nacionais na produção de medicamentos, vacinas, equipamentos e dispositivos médicos, materiais e outros insumos e tecnologias em saúde.
  3. Infraestrutura, saneamento, moradia e mobilidade sustentáveis:
    – Diminuir em 20% o tempo de deslocamento de casa para trabalho;
    – Aumentar em 25 pontos percentuais o adensamento produtivo (diminuição da dependência de produtos importados) na cadeia de transporte público sustentável.
  4. Transformação digital da indústria:
    – Digitalizar 90% das indústrias brasileiras;
    – Triplicar a participação da produção nacional no segmento de novas tecnologias.
  5. Bioeconomia, descarbonização e transição e segurança energéticas:
    – Cortar em 30% a emissão de gás carbônico por valor adicionado do Produto Interno Bruto (PIB) da indústria;
    – Aumentar em 50% a participação dos biocombustíveis na matriz energética de transportes;
    – Aumentar o uso tecnológico e sustentável da biodiversidade pela indústria em 1% ao ano.
  6. Tecnologias de interesse para a soberania e a defesa nacionais:
    – Autonomia de 50% da produção de tecnologias críticas para a defesa.

Recursos para financiamentos:

  • R$ 300 bi até 2026.
  • Crédito: R$ 271 bi
  • Não reembolsáveis: R$ 21 bi.
  • Equity (investimentos na bolsa de valores): R$ 8 bi
  • Fonte dos recursos: BNDES, Finep e Embrapii

Eixos:

  1. Indústria Mais Produtiva (R$ 182 bi)
    – Expansão da capacidade e modernização do parque industrial brasileiro;
    – Novo Brasil + Produtivo: financiamentos com Taxa TR (juros reduzidos) para digitalização e financiamentos não reembolsáveis para até 90 mil micro e pequenas empresas;
    – R$ 4 bi do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust) com Taxa TR para expansão da banda larga e conectividade.
  2. Indústria Mais Inovadora e Digital (R$ 66 bi)
    – Financiamentos do Programa Mais Inovação: Taxa TR para apoio à inovação e digitalização pelo BNDES e pela Finep;
    – Financiamentos não reembolsáveis definidos pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI);
    – Criação do Fundo Nacional de Desenvolvimento Industrial e Tecnológico (FNDIT);
    – Ampliação do uso de instrumentos de Mercado de Capitais (recursos levantados no mercado financeiro) para as seis missões industriais.
  3. Indústria Mais Exportadora (R$ 40 bi)
    – Criação do BNDES Exim Bank: versão do BNDES voltada para apoio à exportação;
    – Linhas de financiamento do BNDES para pré e pós-embarque de bens e aeronaves;
    – Redução do spread (diferença entre os juros cobrados do tomador e as taxas de captação dos bancos).
  4. Indústria Mais Verde (R$ 12 bi)
    – Novo Fundo Clima: projetos de descarbonização da indústria com juros a partir de 6,15% A.A;
    – Instrumentos de Mercado de Capitais voltados para transição energética, descarbonização e bioeconomia;
    – Fundo de Minerais Críticos: fundo para alavancar recursos para a pesquisa e a extração de minerais usados em baterias de energia limpa.
  5. Outras medidas:
    – R$ 20 bi para a compra de máquinas nacionais para a agricultura familiar;
    – R$ 19,3 bi do Programa Mover, para estimular tecnologias menos poluentes na indústria automotiva e desenvolver novas formas de mobilidade e logística;
    – R$ 3,4 bi do Programa de Depreciação Acelerada para a modernização de máquinas e equipamentos;
    – R$ 2,1 bi em isenção tributária para estimular produção de semicondutores e painéis fotovoltaicos;
    – R$ 1,5 bi em incentivos tributários à indústria química;
    – Antecipação do calendário de aumento da mistura do biodiesel ao diesel: 12% em abril de 2023, 14% em março de 2024 e 15% a partir de 2025;
    – Reservas para compras governamentais: indústrias nacionais terão vantagem em licitações;
    – Exigência de conteúdo nacional: percentuais mínimos de compra de produtos nacionais em obras do PAC, definidos por uma comissão do governo.

Instrumentos:

  1. empréstimos;
  2. subvenções;
  3. investimento público;
  4. Créditos tributários;
  5. Comércio exterior;
  6. transferência de tecnologia;
  7. propriedade intelectual;
  8. infraestrutura da qualidade;
  9. Participação acionária;
  10. regulação;
  11. encomendas tecnológicas;
  12. Compras governamentais;
  13. requisitos de conteúdo local;